segunda-feira, 17 de março de 2008

Entrevista que dei a Revista Defesa da Fé -ICP

Estou colocando a minha entrevista para a Revista Apologética Defesa da Fé - ICP
Entrevista feita por Elvis Brassaroto Aleixo
EDUCA A CRIANÇA NO CAMINHO EM QUE DEVE ANDAR
O mundo do entretenimento infantil vive a sua melhor fase. Os heróis das crianças nunca ganharam tanto espaço nas telinhas e telonas. Mas, com eles, o misticismo e a bruxaria têm quebrado as barreiras do universo infantil e invertido valores espirituais de modo astuto.
O entrevistado desta edição de Defesa da Fé, Alexandre Farias Torres, é pioneiro na apologética voltada às crianças desde 1994, consultor teológico do ICP, diretor do ITAC (Instituto Teológico e Apologético Cristão) e ministra sobre seitas e heresias. Vejamos o que o pastor auxiliar da Igreja Evangélica Cristã Presbiteriana em São Paulo tem a dizer sobre este assunto.
Defesa da Fé – Alguns evangélicos têm uma tendência natural para caçar demônios. Até que ponto você julga maléfico o lúdico ao qual as crianças estão expostas?
Alexandre Farias – Nem todos os desenhos e jogos (games) podem ser repudiados pelos pais. Existe muita coisa educativa nesse âmbito. Há materiais que apresentam às crianças ótimos conceitos éticos e morais, ajudando-as, até mesmo, a desenvolver o raciocínio.
Tenho diversos jogos em minha casa por causa dos meus três filhos. Sei que a criança necessita do lúdico. Costumo jogar videogame, assistir a desenhos e brincar com eles. Mas, como sacerdote do lar, na hora de escolher um jogo ou outra programação qualquer, uso de sabedoria.
O problema de muitos desenhos e jogos de hoje é que trazem conceitos religiosos de modo escancarado. A linguagem espiritual está aberta para qualquer pessoa ver. Abandonaram o compromisso de levar o divertimento puro e simples e enxertaram conceitos contrários à fé cristã.
Os super-heróis atuais são demônios, bruxos, feiticeiros, médiuns. O mal luta pelo bem, e isso tem invertido os conceitos espirituais das crianças. Não demonizo todo entretenimento, não procuro chifres em cabeça de cavalo, até porque não precisamos disso, os desenhos falam por is só.
Defesa da Fé – O que você entende por fantasia? Como ela, segundo o seu julgamento, pode inculcar conceitos e dogmas de outras religiões na mente das crianças?
Alexandre Farias– Segundo o dicionário Aurélio, a palavra fantasia significa obra da criação da imaginação”. Pois bem, por conta dessa acepção, a fantasia age na mente ou no consciente para que a criança tenha contato com um mundo imaginário.
Usamos a fantasia em nossas igrejas por meio de fantoches, bonecos, desenhos bíblicos, etc. E, particularmente, defendo que a fantasia seja necessária a qualquer criança. Mas o que se vê hoje em dia no mundo do entretenimento infantil é a negação do uso da fantasia com fins religiosos, sob o pretexto de difundir que a cultura deve ser conhecida pelas crianças.
É curioso que os desenhos mais antigos não tinham essa preocupação. Somente agora, recentemente, estão envolvendo as crianças no mundo das religiões orientais, levando o budismo, o hinduísmo e o confucionismo para dentro dos lares. Parece que o deus deste século também aprendeu a lição de Provérbios 22.6 e está, por meio da fantasia, investindo na criança ao promover palavras ritualísticas, oferendas religiosas, mediunidade, reencarnação, bruxaria, feitiçaria... Até o conceito de que o diabo pode lutar pelo bem pode ser encontrado na maioria dos desenhos de hoje.
Defesa da Fé – Quais são suas evidências?
Alexandre Farias– Possuo diversas provas de matérias seculares. Não é possível mostrar todas elas, mas tenho muito cuidado e, em minhas palestras, levo tudo o que posso para provar aquilo que digo.
Há pouco tempo, a revista Bons Fluidos (Editora Abril), publicou uma matéria que afirmava que crianças entre 6 e 9 anos foram conduzidas a caminhos religiosos pelas histórias e fantasias.
No artigo, depoimentos das próprias crianças e de suas respectivas mães falavam como ocorreu tal influência. Uma criança de 6 anos se interessou pelo hinduísmo após escutar uma história na escola. Outra, um garoto, por bruxaria e, além de afirmar que o seu personagem preferido é Harry Potter, declarou que o seu livro de cabeceira é O livro secreto dos bruxos (Editora Melhoramentos).
O site de notícias Guiaro publicou, em 26/6/04, reportagem com a seguinte chamada: “Interesse por bruxaria aumenta com Harry Potter”.
O texto fazia menção à procura de cursos de bruxaria em uma escola de Santo André (SP), conhecida como Escola de Esoterismo Casa de Bruxas. A proprietária da instituição deu o seguinte depoimento: “A cada lançamento de Harry Potter, cresce o número de crianças e adultos interessados em aprender bruxaria”.
Para atender à demanda infantil, foi criado um curso só para crianças. Em outra reportagem, a esotérica Monica Buonfligio disse à Folha on-line, em 20/04/06, que, antes do lançamento de Harry Potter, recebia cerca de 2.200 e-mails por mês para consultas esotéricas. Mas, depois do filme, este número saltou para 3.500. Estas são apenas algumas das provas seculares que tenho. Existem muitas outras em minha biblioteca particular.
Defesa da Fé – Alguns acham um tanto anacrônico falar em bruxaria hoje? Podemos pensar em bruxaria como uma categoria religiosa?
Alexandre Farias– É claro que as bruxas não voam, nem têm nariz enrugado. A bruxaria é uma religião como outra qualquer. É um movimento religioso neopagão que acredita na reencarnação. É politeísta. Nega a existência do inferno, do céu e dos demônios e celebra as estações do ano. Não possui um livro como regra de fé. Todavia, possui algumas obras que considera importantes, como, por exemplo, os livros de Gerald Gardner.
Defesa da Fé – Em suas matérias, você declara que, em alguns desenhos, o herói é um demônio. Comente um pouco sobre isso.
Alexandre Farias – Existem desenhos em que o super-herói, ou o personagem protagonista, cuja missão é lutar contra o mal, é representado pela pessoa do demônio. Posso citar vários exemplos: Spaw, Hell Boy, Inu Yasha, Mister Satan do Dragon Ball GT, entre outros. Para os pais que porventura lerem estes nomes, poderá parecer tudo muito estranho, mas se perguntarem a seus filhos sobre esses personagens, verão que, infelizmente, os conhecem muito bem.
Demônios, diabo, Satanás e suas variantes são inimigos de Deus.
Temos várias referências bíblicas que nos levam a acreditar que essa criatura não é um ser que pode trazer justiça. Satanás originou o pecado e vive pecando desde o princípio (Jo 8.44). Por mais que a representação esteja no mundo da fantasia, não podemos aceitar um super-herói demônio. O diabo nunca foi um bom exemplo. A Bíblia exorta que não devemos chamar o mal de bem, nem o bem de mal. Isso também serve para os personagens mais subalternos, como feiticeiros, bruxos, etc.
Defesa da Fé – Há quem entenda que isso tudo seja uma contradição. Por que desenhos com personagens representados por demônios, feiticeiros e bruxos não podem ser benéficos, se fazem o bem?
Alexandre Farias – É muito simples. Se o diabo usa um personagem demoníaco que represente a bruxaria e a feitiçaria “do bem” as crianças começaram a ter em mente que ele não é tão ruim assim e que o bruxo do bem é um cara legal e bom.
A Bíblia nos diz que aquele que pratica a feitiçaria terá sua parte no inferno (Ap 21.8). Imagine uma criança em plena formação de seu conceito espiritual recebendo diariamente, pela TV, a informação de que o diabo ou o feiticeiro é bonzinho... Basta indagar uma criança com a seguinte pergunta: “A bruxaria de Harry Potter é do bem ou do mal?”. Não precisamos ir longe, façamos esta pergunta aos filhos de crentes que assistiram aos filmes ou leram os livros.
Defesa da Fé – É verdade ou boato que um calendário de demônios foi distribuído em um famoso parque de diversão de São Paulo?
Alexandre – É verdade. Depois de um culto, uma irmã veio me entregar esse calendário. Disse que sua filha, que cursava pedagogia, estava realizando uma pesquisa em determinado parque de diversão e recebeu tal suplemento informativo que, na página cinco, trazia um demônio para cada mês do ano.
Por exemplo: Satã para março, Lúcifer para maio, Belzebu para julho, Baal para outubro, Moloque para dezembro, etc.Veja bem, não estamos afirmando aqui que os parques que adotam esse tipo de chamariz estão praticando satanismo.
O que estamos dizendo é que vivemos em mundo em que o satanismo é real! O satanismo existe e muitos são levados pela adrenalina de conhecer algo diferente e aterrorizante! Para se ter uma idéia, comprei um boneco de vodu em uma casa esotérica por dez reais. Um dos vodus oferecidos é o da figura do professor.
A magia não é feita com espetos, mas à base de nós. O pacotinho contém o bonequinho, uma plaquinha para colocar o nome da pessoa, as fitas para amarrar o boneco e as informações necessárias sobre como proceder de acordo com a situação. Tudo muito bem explicado para que qualquer criança entenda. Quer dizer, isso não é brincadeira de criança!
Defesa da Fé – Como a Igreja e a família devem proceder diante dessas questões?
Alexandre Farias– Acredito que os pastores devem valorizar mais as crianças e os adolescentes da igreja, dando-lhes uma base sólida. Muitos líderes de ministérios não conhecem as artimanhas do inimigo e, às vezes, são completamente radicais. Ou seja, proíbem tudo.
Outros, porém, liberam de modo geral qualquer entretenimento. Existe um ponto de equilíbrio para essa situação: ensinar as Escrituras Sagradas.
Aos pais, digo: amem seus filhos, envolvam-se com eles, brinquem com eles, conheçam o mundo deles, procurem saber sobre a vida deles e, o mais importante, não deixe de lhes ensinar a Palavra de Deus, porque somente assim o Espírito Santo poderá agir no coração dos pequeninos. Não proíbam sem explicações razoáveis. Sejam sacerdotes do lar. Orem e jejuem por seus filhos, porque eles são heranças de Deus (Sl 127.3).